Fundadores
No dia 20 de novembro de 1881, Avelino Germano da Costa Freitas, Avelino da Silva Guimarães, José da Cunha Sampaio, Domingos Leite de Castro e Domingos José Ferreira Júnior reuniram um grupo de individualidades na Assembleia Vimaranense para discutirem o projeto de criação da Sociedade Martins Sarmento. Pensada como uma homenagem a Francisco Martins Sarmento, esperava-se que se afirmasse, com a mesma dedicação, perseverança e fé inabalável na ciência e no trabalho, como um instrumento de mudança, de progresso pela instrução popular, de realizações que produzem convicções profundas e dão alento a novas ambições.
Avelino Germano da Costa Freitas
Avelino Germano da Costa Freitas nasceu em Guimarães a 6 de novembro de 1842, filho de Matias Albino da Costa e Freitas e de sua esposa D. Francisca Cândida da Assunção Martins da Costa e Freitas.
Formou-se em Medicina na Escola do Porto, em 1865, tendo recebido ao longo do curso diversas distinções e prémios. Em 1866, logo após a sua entrada na vida clínica, fez, pela primeira vez em Portugal, o diagnóstico da pelagra, feito que lhe valeu rasgados elogios no congresso de medicina de 1906 e lisonjeiras referências em revistas internacionais da especialidade.
Avelino da Costa Freitas era uma figura de destaque no meio vimaranense. Conhecido e admirado pelas suas qualidades cívicas e morais, sobressaía sobretudo pela sua aparência cuidada, o aprumo do seu andar e a voz de comando.
Homem culto e generoso, exerceu gratuitamente o cargo de subdelegado de saúde do concelho de Guimarães durante mais de 30 anos e serviu de igual modo a corporação dos Bombeiros Voluntários e a Associação Artística Vimaranense. Foi, aliás, condecorado com a medalha de prata ao mérito, filantropia e generosidade, em virtude do auxílio prestado no incêndio que destruiu o lado norte do Toural, em 4 de julho de 1869.
Na qualidade de médico nos hospitais da Misericórdia, S. Domingos, S. Francisco, S. Dâmaso e no Asilo de Santa Estefânia, Avelino da Costa Freitas contactava diariamente com as classes mais vulneráveis da sociedade vimaranense. Conhecedor das mais profundas misérias sociais, aderiu por isso com inexcedível entusiasmo à ideia de fundar uma instituição que promovesse a instrução da população, as indústrias e as práticas agrícolas, concorrendo assim para o progresso material da sua terra natal.
Retrato de Avelino Germano
(óleo de Abel Cardoso)
Avelino da Silva Guimarães
Avelino da Silva Guimarães nasceu no Miradouro, subúrbios de Guimarães, no dia 30 de maio de 1841. Era filho de Joaquim José da Silva Guimarães, escrivão de direito nas comarcas de Basto e do Porto, e de D. Custódia Constança de Gouveia e Silva.
Depois das primeiras aprendizagens em Guimarães, seguiu para o Porto e concluiu os estudos do preparatório. Em 1861, matriculou-se no primeiro ano da Faculdade de Direito, na Universidade de Coimbra, saindo bacharel em 1866. Nesse mesmo ano, casou-se com D. Maria da Glória de Sousa Bandeira, pianista talentosa e autora do futuro hino da Sociedade Martins Sarmento, fixou residência em Guimarães e estabeleceu-se como advogado.
Inteligente e estudioso, depressa se afirmou no foro vimaranense. Eloquente nos seus discursos, forte na argumentação, perspicaz e ativo, conhecedor exímio das leis do país, Avelino da Silva tornou-se um advogado conhecido e muito respeitado.
Após a polémica com o juiz Francisco de Sousa Seco, a calma e tranquilidade regressaram à sua vida e ao seu escritório de advogado, onde, rodeado de livros e papel selado, ouvia e aconselhava quem o consultava e redigia artigos que publicava em revistas de jurisprudência. Foi na Sociedade Martins Sarmento que Avelino da Silva pôde dedicar-se inteiramente às causas que mereciam mais cuidado, ou seja, a instrução popular e o desenvolvimento agrícola e industrial do concelho de Guimarães.
Avelino da Silva Guimarães faleceu no dia 18 de maio de 1901, na sua moradia da Rua Paio Galvão.
Retrato de Avelino da Silva Guimarães
(óleo de Abel Cardoso)
José da Cunha Sampaio
José Bento da Cunha Sampaio nasceu a 5 de fevereiro de 1841, na Quinta de Boamense, freguesia de Cabeçudos, do concelho de Vila Nova de Famalicão. Era filho de Bernardino de Sampaio Araújo, natural da mesma freguesia, e de D. Emília Ermelinda da Cunha Sampaio, de Guimarães. Casou em 1868 com D. Maria José Leal Sampaio, da Quinta do Mosteiro de Landim.
A educação literária de José Sampaio iniciou-se em Guimarães, passando depois pelo Colégio de João Luís Correia de Abreu, em Landim, e os liceus de Braga e Coimbra, onde terminou os estudos preparatórios. Em 1858, matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e o seu percurso académico foi marcado pelos protestos contra o velho regime universitário e as suas instituições obsoletas. Integrou a Sociedade do Raio, liderada por Antero de Quental, e participou também na célebre Questão Coimbrã.
Uma vez formado, instalou-se em Guimarães, onde começou a praticar com o erudito e afamado jurisconsulto Bento António de Oliveira Cardoso. Juntamente com Francisco Martins Sarmento e Avelino da Silva Guimarães, opôs-se, tanto no tribunal como na imprensa, à prepotência do juiz de direito da comarca de Guimarães, Francisco Henriques de Sousa Seco, levando à sua transferência em 1872.
Descrito como uma figura simpática, nobre e leal, José Sampaio era admirado pela sua dedicação à profissão, pela sua honestidade, eloquência, meticulosidade e acuidade crítica. No momento do nascimento da Sociedade Martins Sarmento, a sua grandeza moral, a sua prudência, a sua razão esclarecida, encaminharam-no naturalmente para a presidência da instituição.
José da Cunha Sampaio faleceu no dia 15 de setembro de 1899.
Retrato de José da Cunha Sampaio
(óleo de Abel Cardoso)
Domingos Leite de Castro
Domingos Leite Castro nasceu a 13 de outubro de 1846 na freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães, sendo seus pais António Leite de Castro, bacharel em Direito, nascido em Cramarinhos, Felgueiras, e D. Ana Emília da Costa Vaz Vieira, nascida no Campo da Feira, na freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães.
Homem abastado, soube educar-se, tornando-se uma figura importante no cenário cultural vimaranense. Dinamizador infatigável da Sociedade Martins Sarmento, Domingos Leite de Castro esteve sempre presente nas principais intervenções da SMS e que muito definiram a vocação matricial da Associação: a homenagem a Francisco Martins Sarmento, a promoção da instrução popular, a defesa do património local e o desenvolvimento social e cultural do concelho de Guimarães.
Foi o primeiro diretor da Biblioteca da SMS e o principal impulsionador da Revista de Guimarães, da qual foi também diretor e colaborador assíduo, tendo publicado diversos artigos sobre Etnografia, Arqueologia e História, assim como textos de natureza biográfica e de reflexão sobre administração pública. Trabalhou com Francisco Martins Sarmento, Abade de Tagilde, Alberto Sampaio e Albano Bellino na organização do Museu Arqueológico e Numismático, e foi o proponente da primeira exposição concelhia em Portugal, a Exposição Industrial de Guimarães, de 1884. Domingos Leite Castro foi também Presidente da SMS no período conturbado de 1911 a 1914.
Com uma intensa e diversificada intervenção na vida cívica vimaranense, Domingos Leite de Castro foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, Presidente da Associação dos Proprietários e Lavradores de Guimarães, integrou o Sindicato Agrícola de Felgueiras, o Centro do Partido Progressista em Guimarães e fez parte de diversas Comissões de Recenseamento.
Colaborou em diversas publicações periódicas vimaranenses, nomeadamente no 17 de Julho, órgão oficial do partido progressista de Guimarães, no Ecco Popular, de feição progressista, Echos de Guimarães, de orientação monárquica, assim como nas folhas únicas Guimarães-Andaluzia (em benefício das vítimas dos terramotos de Andaluzia, 1885) e Aurora da Penha, folha organizada em benefício dos melhoramentos da Penha (1886 – 1887).
Domingos Leite de Castro faleceu na manhã do dia 10 de setembro de 1916, em Cramarinhos, no concelho de Felgueiras.
Retrato de Domingos Leite de Castro
(óleo de Abel Cardoso)
Domingos José Ferreira Júnior
Negociante no Largo do Toural. Militante do Partido Progressista, tendo integrado o Centro Progressista de Guimarães. Colaborador regular na imprensa vimaranense.
Foi um dos fundadores da Sociedade Martins Sarmento e o primeiro subscritor da Ata de Instalação, de 20 de novembro de 1881.
Retrato de Domingos José Ferreira Júnior
(óleo de Abel Cardoso)